No Dia dos Pais no Brasil, britânico confirma a boa fase desde o nascimento de sua filha Sophie Charlotte; argentino sai ovacionado pela prata após drama de cirurgias
Desde o dia 9 de fevereiro a vida de Andy Murray mudou. Foi nesta data, há pouco mais de seis meses, que veio ao mundo Sophie Charlotte, a primeira filha do tenista com sua esposa, Kim Sears. As noites mal dormidas, as primeiras viagens para longe de sua pimpolha, tudo isso fez com que os primeiros torneios pós paternidade não fossem de bons resultados para o britânico. Mas, ter virado pai fez com que Murray, como ele próprio disse após vencer Wimbledon em julho, tivesse uma nova perspectiva de vida, uma motivação extra para jogar, treinar mais duro e fazer as coisas certas para conquistar títulos que sua filha pudesse se orgulhar no futuro.
Vieram as vitórias: final em Madri e Roland Garros, e os troféus do Masters 1000 de Roma, do ATP 500 de Londres, Wimbledon e agora da Olimpíada do Rio de Janeiro. Ao superar o valente Juan Martín del Potro na decisão deste domingo, em pleno Dia dos Pais no Brasil, por 3 sets a 1, parciais de 7/5, 4/6, 6/2 e 7/5, Andy Murray já tem uma bela história para contar a Sophie: se tornou o primeiro tenista da história a conquistar duas vezes os Jogos Olímpicos em competições de simples depois de um confronto impressionante e de mais de quatro horas.
Murray comemora a vitória sobre Del Potro no Rio de Janeiro (Foto: Reuters)
Apesar da derrota, Del Potro teve um campeonato impressionante no Rio de Janeiro e saiu ovacionado pelos hermanos. Depois de quatro cirurgias nos punhos, ele chegou a pensar em abandonar a carreira no ano passado. Despencou para o número 141 do ranking mundial e precisou de um convite para disputar a Olimpíada. Surpreendendo, ele bateu Novak Djokovic, número 1 do mundo, logo na estreia. Depois, ultrapassou um por um até vencer o espanhol Rafael Nadal nas semifinais. Com a derrota na decisão, volta para casa com uma prata e mais um pódio olímpico na carreira, como já havia feito em Londres 2012, quando foi bronze.
O JOGO
Tenistas fizeram um jogo longo e tenso na quadra central da Rio 2016 (Foto: Getty Images)
Andy Murray começou o jogo sacando. E com poucos minutos abriu 1 a 0. O game seguinte, porém, durou quase 20 minutos. Del Potro teve muita dificuldade, ficava atrás e buscava a igualdade, e assim o duelo foi se arrastando. O argentino, contudo, não conseguiu defender uma paralela e acabou quebrado: 2 a 0. Em seguida, porém, "Torre de Tandil" revidou e rapidamente devolveu a quebra, trazendo o duelo para 2 a 1. Parecia que o jogo set seguiria equilibrado a partir dali, mas isso não aconteceu (ao menos naquele momento). Pelo terceiro game seguido, os finalistas não conseguiram manter o saque, e Andy fez 3 a 1 ao roubar o serviço de Martín.
Juan Martin Del Potro completamente exausto durante o quarto set (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)
Depois, colocou 4 a 1 com o seu saque. Del Potro, então, confirmou o serviço e trouxe a diferença para 4 a 2, ainda atrás do marcador. Quando o set parecia encaminhado, o hermano resolveu colocar um "molho". Surpreendeu o britânico e devolveu a segunda quebra, fazendo 4 a 3, com 44 minutos de duelo. Depois, empatou tudo sacando muito bem e levantando os argentinos nas arquibancadas. Andy fez o mesmo e ficou com 5 a 4. Nesse estágio do jogo, o equilíbrio dava o tom, e o hermano igualou em 5 a 5. Nos dois últimos games, Murray conseguiu imprimir seu ritmo, colocou 6 a 5 e depois quebrou o argentino para fechar o primeiro set em 7/5 depois de bela passada.
Mostrando que não se venderia facilmente, Del Potro voltou para o segundo set aplicando a mesma passada que sofreu no game seguinte. Assim, quebrou o saque de Andy e fez 1 a 0. Sofrendo na sequência, "Torre" fez 2 a 0 em game longo, e consolidou a vantagem. Melhor fisicamente, Andy conseguiu pontuar rapidamente e diminuiu para 2 a 1. Nos dois games seguintes, os dois tenistas confirmaram seus saques, e o jogo seguia em 3 a 2 para Del Potro. Conseguindo boas trocas de bola e colocando Murray para correr, o argentino manteve o saque para fazer 4 a 2. O britânico, ainda vivo no set, trouxe para 4 a 3, e Del Potro ampliou para 5 a 3. Na última cartada, Andy se salvou de ser quebrado: 5 a 4, mas o hermano fechou em 6/4.
Nos dois primeiros games do terceiro set, igualdade em 1 a 1 e nenhuma quebra. A situação se repetiu na sequência e perto de 2h40m de jogo o duelo tinha 2 a 2. Murray encaminhou o set quando fez 3 a 2 e depois forçou o argentino ao erro, abrindo 4 a 2 com a quebra do saque de Del Potro. Depois, o britânico sacou e ampliou para 5 a 2, sempre explorando a canhota de Martín, que passou por cirurgias no local. Andy ainda teve tempo para mais uma quebra, e abriu 2 a 1 em sets ao fechar em 6/2.
Casa cheia para acompanhar a final entre Murray e Del Potro (Foto: Reuters)
No último set, Del Potro começou quebrando o saque de Murray e fazendo 1 a 0. Murray seguiu com a mesma estratégia, a de trocar bolas e abusar de testar o lado esquerdo do rival. Funcionou, e ele devolveu a quebra: 1 a 1. Mesmo exausto, Martín tornou a roubar o serviço do britânico, e avançou para 2 a 1. Mais inteiro, o número 2 do mundo novamente empatou, na quarta quebra do set 4. Andy, então, finalmente confirmou o saque, fazendo 3 a 2. A essa altura o duelo já tinha 3h16m.
O argentino também manteve o serviço, empatando de novo. E aí, incrivelmente, Del Potro deu outra quebra em Murray, fez 4 a 3, e sacou para colocar 5 a 3. O britânico colou em 5 a 4 e no game seguinte, tendo um rival empurrado pelo coração, Andy quebrou "Torre" e empatou de novo: 5 a 5. Saindo de uma desvantagem grande, Murray salvou seu saque e passou a liderar em 6 a 5. No game seguinte, o britânico confirmou a vitória com mais uma quebra e tornou-se campeão. A vitória de Andy Murray foi a 18ª seguida na temporada. Ele venceu o ATP 500 de Londres, o ATP de Queens, Wimbledon e agora a Olimpíada.
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