Maior medalhista brasileiro em uma Olimpíada após prata no C2 1.000m, ao lado de Erlon de Souza, baiano é o escolhido para honraria em cerimônia de encerramento: "Não vou abrir mão da festa"
Três medalhas no peito e uma bandeira na mão. Maior atleta brasileiro em uma edição de Jogos Olímpicos, Isaquias Queiroz vai deixar a Rio 2016 com uma emoção a mais, além das duas pratas e um bronze que carrega no peito. Destaque absoluto do Time Brasil, o baiano foi escolhido para ser o porta-bandeira na cerimônia de encerramento, que acontece domingo, no Maracanã.
De sorriso aberto na longa passagem pela zona mista após a prata no C2 1.000m, ao lado de Erlon de Souza, Isaquias, ainda sem saber da decisão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), revelou até mesmo que cumpriu a exigência de seu técnico, Jesús Morlan, para tal:
- Jesús me falou que se eu quisesse fazer isso tinha que ganhar as três medalhas. Ganhei. Espero poder realizar esse feito, representar o torcedor brasileiro, esse Brasil grande que teve um grande carinho pela gente. Espero poder representar, mas nunca vou abrir mão da festa de encerramento. Já não fui na abertura, tenho que ir para de encerramento. É uma coisa única, quero desfrutar ao máximo do que não desfrutei.
O Comitê Olímpico Internacional será informado ainda neste sábado. Superintendente executivo do COB, Marcus Vinícius Freire confirmou a escolha ao GloboEsporte.com. A justificativa é simples e até óbvia:
- É o único atleta na história do esporte do Brasil a ganhar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos.
- É o único atleta na história do esporte do Brasil a ganhar três medalhas em uma mesma edição dos Jogos.
Erlon de Souza Silva e Isaquias Queiroz conquistam a prata no C2 1000m (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)
A prata neste sábado em nada deixou os baianos frustrados. Ainda na canoa, Erlon chorou e agradeceu aos céus. Isaquias abraçou o companheiro e mandou um coraçãozinho com as mãos para aqueles que torciam à beira da lagoa.
- Me sinto realizado. Meu objetivo era ter as três provas. Dedico para todo mundo que me ajudou. Estou orgulhoso e feliz por quebrar esse recorde como atleta brasileiro. Não é só meu. Minha equipe toda está de parabéns. Não é só para mim. Estou satisfeito e muito feliz. Vim com um objetivo. Agradeço primeiro ao Comitê Olímpico, que trouxe o Jesús [Morlán, treinador da dupla], esse apoio. Tivemos recorde de público aqui - afirmou Isaquias Queiroz.
Erlon tratou de agradecer o apoio da torcida, que marcou presença na Lagoa Rodrigo de Freitas. Segundo ele, o carinho de quem aguarda fora da água é o gás necessário para dar o impulso final na prova.
- A torcida foi essencial. Qualquer empurrão a mais ajuda durante a prova. A torcida brasileira nos dá energia e nos leva para cima. Isso nos dá ânimo na prova. Vínhamos treinando forte, e a torcida nos ajuda muito nos 200, 300 metros finais. A torcida nos levanta. É uma prata com gosto de ouro - disse.
A prova foi difícil. Foi preciso superar adversários como os russos Ilia Shtokalov e Ilya Pervukhin e os ucranianos Dmytro Ianchuk e Taras Mishchuk. No início, liderança. Do meio para o fim do percurso, os alemães Sebastian Brendel e Jan Vandrey deram um gás e assumiram a ponta. Mas nada que tirasse o brilho da prata da dupla baiana. Ao sair da lagoa, Isaquias e Erlon correram para saudar os torcedores, que esperavam ansiosos na arquibancada.
No pódio, Isaquias tornou a mandar coraçãozinho com as mãos para a torcida. Erlon, mais contido, só não conseguia disfarçar a alegria, traduzida no sorriso tímido e no olhar vibrante. De vez em quando, braços ao ar. Na hora de receber as medalhas, mãos dadas e pulos, além do abraço entre os dois, que não poderia faltar. E depois de ter a prata no pescoço, ainda sobrou espaço para mais pulos e uma dancinha de comemoração.
Erlon de Souza Silva e Isaquias Queiroz recebem a medalha de prata (Foto: Getty Images)
A dupla baiana é a atual campeã do mundo da modalidade, título conquistado em Milão no ano passado. Antes da medalha deste sábado, Isaquias já havia subido ao segundo lugar do pódio na prova do C1 100m, além de ter ficado com o bronze no C1 200m.
Confira trechos da entrevista coletiva da dupla:
Isaquias
Confira trechos da entrevista coletiva da dupla:
Isaquias
Faltou o ouro?
- Acho que o ouro não veio, mas consegui da torcida. A torcida brasileira estava prestigiando o evento e foi o maior ouro que eu poderia receber, da torcida brasileira. Foi essencial e estou feliz por isso.
Futuro breve
- Vamos pegar férias, não sei quanto tempo. Espero que seja bastante para descansar. Já estamos vindo de muito tempo de treinamento. Vou para casa, para Bahia, descansar bastante, e depois se preparar para Tóquio.
Visibilidade da canoagem
- A visibilidade vai depender da gente, de continuar nos campeonatos ganhando medalha, como sempre fizemos. O que vai levantar o esporte é o carisma, retribuir o carinho do torcedor, que foi sensacional.
Investimentos
- Mostramos que o investimento vale a pena. Não foi só uma medalha, foram quatro contando a de Erlon. O apoio é fundamental e seguiremos treinando para mostrar que o investimento vale a pena.
Recado para as crianças
- Eu e Erlon temos uma história de vida bastante forte por termos largado a família e amigos para ir para uma cidade muito longe de casa. Nos dedicamos há muito tempo pelo sonho da Olimpíada e conseguimos realizar. Espero que todas as crianças e jovens que nos viram acreditem em seus sonhos. Não é falar para fazerem canoagem, há tanto esporte legal no Brasil. Que busquem um esporte e busquem ser um vencedor.
Erlon
Desempenho na prova
- Conseguimos administrar bem a prova, demos nosso 100%. Geralmente, sentimos um pouco de dificuldade com o vento, mas não dessa vez. Fizemos o que foi possível. Não deu para vencer, mas estamos felizes.
Recado para crianças
- Quando você sonha, não pode desistir. Foi o que a gente fez. Veio de um local sem muito recurso e hoje está aqui transformando em realidade. Sou prova viva disso.
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