segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Colombianos amenizam lado esportivo e reforçam solidariedade de amistoso

Jogadores esperam atuar em memória das vítimas de tragédia com Chapecoense e ressaltam sentimento com fato: "Foi como se houvesse ocorrido com compatriotas"


Camilo Vargas, goleiro do Deportivo Cali, respondia às perguntas dos jornalistas atentamente após o treino desta segunda-feira. Ele deve ser titular no amistoso entre Brasil e Colômbia nesta quarta. A cada final de resposta, o jogador, de 27 anos, fez questão de ressaltar que o jogo será em memória às vítimas da tragédia com a Chapecoense. Mesmo que isso não fosse o tema do questionamento.
– Nos chocou. Foi como se houvesse ocorrido com compatriotas nossos. Foi pessoal, a dor foi pessoal. Creio que fizemos o que nos correspondia, como cidadãos daquele país. Foi um fato lamentável – disse o goleiro.
Camilo Vargas, goleiro do Deportivo Cali e da seleção da Colômbia (Foto: Daniel Mundim)Camilo Vargas: "A dor foi pessoal" (Foto: Daniel Mundim)


















Camilo não está sozinho. Os colombianos levam a sério o nome de “Jogo da Amizade” para a partida desta quarta, no estádio Nilton Santos, que terá a renda revertida às famílias das vítimas na tragédia. Por mais que os aspectos esportivos possam chamar atenção, eles são secundários. Pelos próprios jogadores e, até mesmo, pelo próprio técnico da seleção colombiana, José Pékerman. Questionado sobre o cansaço do voo ao Brasil e o prejuízo físico dos atletas que estão em início de pré-temporada, o treinador foi ameno.
Há jogadores no Brasil e Colômbia que esperam por  oportunidade e sentir que estão perto da seleção. Mas se não houvesse um resultado, seria perfeito"
José Pékerman, sobre solidariedade envolvida no jogo
– Não há o que se queixar, porque esse jogo é de solidariedade. Tem um bom motivo para estarmos aqui, mas há que se jogar. Nós sempre queremos observar os jogadores, eles sabem. Mas creio que o objetivo está muito claro. É de tom emotivo, comovedor, que nos toca. Há o lado esportivo também, porque há jogadores no Brasil e Colômbia que esperam por uma oportunidade e sentir que estão perto da seleção. Mas se não houvesse um resultado, seria perfeito. Analisaremos mais jogadas de futebol do que o resultado – analisou Pékerman.
Dos 20 convocados por Pékerman, sete são do Atlético Nacional. O atual campeão da Libertadores faria a final da Sul-Americana com a Chapecoense e emocionou o mundo com suas homenagens e a renúncia à taça do torneio continental – ato que lhe rendeu o prêmio Fair Play da Fifa. O artilheiro Borja espera que o amistoso desta quarta seja mais uma chance de mostrar tal sentimento.
– As pessoas de Chapecó e as vítimas merecem muito esse jogo. Esperamos fazer um bom espetáculo para eles – definiu o atacante verdolarga.
O volante e lateral do Atlético Nacional, Daniel Bocanegra, endossa o discurso do companheiro de clube. Para ele, o amistoso desta quarta terá um valor mais especial para os jogadores do Alviverde de Medellín.
– Foi duríssimo o que aconteceu. Jogaríamos a final contra eles, foi muito difícil de assimilar. Sempre que entramos em um avião, recordamos dessa tragédia, mas torcemos para que isso não ocorra. É o destino, Deus quis assim, agora é orar por eles – declarou Bocanegra.
Dentre os 20 convocados da Colômbia para o amistoso, oito estavam na última lista, de novembro do ano passado, para as eliminatórias. Muitos tentarão convencer José Pékerman de que têm condições de atuar mais pela seleção. Mas a ideia principal do jogo não será essa.
– Viemos com esse pensamento principal, de fazer algo muito lindo e participar dessa solidariedade – resumiu o goleiro Camilo Vargas.
José Pékerman Colômbia (Foto: Daniel Mundim)José Pékerman, técnico da Colômbia: "Tem um bom motivo para estarmos aqui" (Foto: Daniel Mundim)
VENDA DE INGRESSOS
O duelo da Colômbia com a seleção brasileira será nesta quarta-feira, ás 21h45. O amistoso é uma ação beneficente que tem como objetivo ajudar familiares de jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes que morreram na tragédia com o voo da Chapecoense, que caiu na Colômbia e deixou 71 mortos em novembro do ano passado. Toda a renda do amistoso será repassada ao clube catarinense, que entregará o valor às famílias das vítimas.
Os ingressos para o chamado Jogo da Amizade estão à venda e custam entre R$ 70 e R$ 150, e os interessados podem comprar os bilhetes pela internet. Nesta segunda, foi iniciada a venda em pontos físicos do Rio de Janeiro.
Além dos fãs que acompanharão a partida no Estádio Nilton Santos, torcedores de outras cidades e estados brasileiros podem dar contribuição aos familiares das vítimas da tragédia comprando o ingresso solidário, que tem um custo de R$ 50. Essa categoria não garante acesso ao jogo, mas quem comprar terá um certificado de apoio e solidariedade.
A seleção brasileira se apresenta ao técnico Tite nesta terça-feira. O treino do Brasil está marcado para 17h do mesmo dia, no Estádio Nilton Santos.

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