sábado, 10 de setembro de 2016

Fut 7: o ex-entregador de quentinhas que virou a referência da seleção

Jogador mais velho da equipe que tenta o inédito ouro no Rio, atacante Zeca também trabalhou como ascensorista de elevador e ajudante de pedreiro antes de virar atleta


A vida nunca foi fácil para José Carlos Monteiro Guimarães. Hoje conhecido apenas como Zeca, o carioca de 38 anos teve de driblar inúmeras dificuldades antes de se tornar atleta profissional. Com uma deficiência locomotora em parte do corpo - oriunda de uma paralisia cerebral ocorrida quando sua mãe ainda estava no oitavo mês de gestação -, Zeca teve muitos empregos antes de descobrir o futebol de 7. Quando mais novo, trabalhou como ascensorista de elevador, ajudante de pedreiro, ajudante de cozinha e até entregador de quentinhas em uma conhecida universidade do Rio.
Brasil Grã-Bretanha futebol de 7 Paralimpíada Rio (Foto: Thomas Lovelock / AP)Descrição da imagem: Zeca disputa bola no duelo contra a Grã-Bretanha (Foto: Thomas Lovelock / AP)
- Tive que me virar enquanto não tinha um ganho fixo no esporte que desse para me sustentar. Só a partir de 2003 que a minha vida mudou, e eu passei a me dedicar totalmente ao futebol de 7. Hoje moro em Queimados (Baixada Fluminense), tenho a minha casinha, treino na Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos em Niterói) três vezes por semana e vivo muito feliz com a minha esposa Aline e os meus filhos Isabela e Andrew. Nunca reclamei da vida e sempre busquei alcançar os meus objetivos. Hoje sou um cara realizado - disse Zeca.
Jogador mais velho da equipe comandada por Paulo Cabral, Zeca é tido como referência entre os mais novos do futebol de 7. Atacante de estilo clássico e dono de um jeito humilde, o carioca disputa a sua última Paralimpíada, depois de ter ficado com a prata em Atenas 2004 e não ter medalhado em Londres 2012. Para Zeca, apenas o ouro interessa na Rio 2016. Neste sábado, o Brasil faz o seu segundo jogo contra a Irlanda, às 19h, no Estádio de Deodoro. A equipe divide a liderança do grupo A com a Ucrânia, que supera os brasileiros no saldo de gols.
- Na seleção eu me despeço da Paralimpíada agora, pela Andef vou jogar mais três Brasileiros. Ainda me sinto bem fisicamente, mas quero ter mais tempo para a minha família. Mas agora é hora de me concentrar nessa Paralimpíada e buscar o ouro. Está sendo uma alegria enorme disputar os Jogos Paralímpicos em casa - disse Zeca, que teve apoio da família e dos amigos no primeiro jogo da seleção no Estádio de Deodoro.
Brasil Grã-Bretanha futebol de 7 Paralimpíada (Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB)Descrição da imagem: jogadores da seleção agradecem à torcida após estreia vitoriosa (Foto: Cleber Mendes/MPIX/CPB)
Sobre a estreia do Brasil na Rio 2016, Zeca ressaltou a importância de vencer a Grã-Bretanha por 2 a 1, mesmo com a dificuldade imposta pelo adversário. Para o atacante, o grande erro do Brasil foi não ter matado o jogo no primeiro tempo quando vencia por 2 a 0.
- Foi um resultado importante, porque o que queríamos era ganhar os três pontos. Sabemos que futebol é assim mesmo e não podemos nos acomodar por jogar em casa. Tivemos chances de matar o jogo no primeiro tempo, não fizemos o nosso dever e facilitamos para eles. O placar de 2 a 0 é um resultado muito perigoso, porque um gol do adversário te deixa na maior tensão. Felizmente conseguimos segurar a pressão deles e vamos em busca dessa classificação - concluiu.
Neste sábado, jogam também Grã-Bretanha x Ucrânia, às 10h. Pelo grupo B, a Argentina enfrenta a Holanda às 14h e os Estados Unidos pegam o Irã às 16h15. Os dois primeiros de cada chave avançam à semifinal. A final será na próxima sexta-feira, dia 16.

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