Distância é a mesma percorrida por Phillippe Coutinho no primeiro gol brasileiro, e comentarista do SporTV exalta talento individual e organização tática do Brasil de Tite
Parecia o Brasil dos anos dourados em que talentos individuais pelos lados do campo, tal como Garrincha, eram capazes de decidir uma partida. Na vitória da Seleção por 3 a 0 sobre o Paraguai, na noite desta terça-feira, na Arena do Corinthians, a equipe de Tite mostrou nas eliminatórias não só padrão tático moderno como também a temida habilidade. Nos dois primeiros gols, Phillipe Coutinho e Neymar percorreram exatos 69 metros até a conclusão reunindo apurada técnica e muita velocidade para superar os marcadores - no de Coutinho ainda houve linda tabela com Paulinho. A bela atuação empolgou o ex-treinador e consagrado Muricy Ramalho, comentarista do SporTV. Tanto no desenho tático como na escalação em que grandes jogadores podem fazer a diferença, só elogios ao trabalho de Tite.
No programa "Troca de Passes", após a pergunta do comentarista Roger Flores sobre o que um treinador pode fazer para evitar jogadas como a do segundo gol brasileiro, de Neymar, Muricy se imaginou novamente sentado no banco de reservas à beira do gramado e mostrou a já conhecida sinceridade na análise.
- Muito difícil. Fecha de um lado, abre do outro,.Quando você tem um jogador como o Neymar, que faz o um contra um como ele faz, desmonta qualquer esquema. O jogador de trás do Paraguai começa a faltar em algum lugar. E onde falta em algum lugar é onde chegam os brasileiros. Chega Paulinho, chega Coutinho, vários jogadores. É muito difícil, porque não tem tanta cobertura assim. Sai o lateral que o Neymar driblou, vem o zagueiro na cobertura. Já saindo o zagueiro, só ficou um zagueiro. E aí começam as infiltrações do Brasil, com Paulinho, Renato, Coutinho (assista ao lance no vídeo acima).
Neymar arranca 69 metros rumo ao gol, o segundo na vitíria sobre o Paraguai: talento difícil de ser marcado (Foto: Reuters)
Muricy lembrou também a jogada individual de Phillippe Coutinho no primeiro gol brasileiro. E não é que ele percorreu também 69 metros para deixar sua marca?
- A variação do Brasil é muito grande. A parte coletiva é importante, mas individualmente o Brasil é muito forte. Quando o jogo está difícil, vem o Coutinho e faz uma jogada daquela, faz o gol e desmonta o Paraguai. E no segundo tempo foi a mesma coisa. São jogadores que fazem a diferença, e a parte coletiva sempre ajudando demais.
O comentarista considera o legado tático de Tite muito importante para o futebol brasileiro. Apesar do longo caminho que o atual técnico da Seleção ainda terá de percorrer, Muricy vê o Brasil com uma equipe cada vez mais bem definida, sabendo o que quer dentro de campo. E encontrando alternativas táticas diante de um adversário duro como o Uruguai e taticamente forte como o Paraguai. Lembrou, é verdade, que o teste contra a Alemanha será ótimo para avaliação. Mas mostra entusiasmo com os conceitos táticos de Tite já apresentados nos tempos de Corinthians e levados para a seleção brasileira.
Philippe Coutinho abre o caminho para a vitória brasileira na arrancada de 69 metros (Foto: Pedro Martins / MoWA Press)
- O que mais me chama a atenção, principalmente no segundo tempo, são as linhas bem paradas. O Casemiro perfeito na marcação. Ou seja, quando se armou a linha de quatro atrás, logo na frente o Casemiro e os outros dois um pouquinho mais avançados. O Casemiro é brincadeira. Pra passar a bola, pra sair com a bola. Taticamente às vezes não aparece muito, e é importante estar aqui no estádio que você vê o campo e o posicionamento de todos os jogadores. Quando o Brasil estava no ataque eu queria saber onde estava o Casemiro. Ele dá esse balanço, libera os dois laterais ao mesmo tempo. E dá essa facilidade para o Paulinho e o Renato irem embora tranquilos porque não vai acontecer nada. Não tomamos nenhum contra-ataque. Então, isso é um time equilibrado.
Roger Flores argumentou que no primeiro gol, de Phillippe Coutinho, e no terceiro, de Marcelo, tanto Paulinho quanto Renato Augusto, meias mais defensivos, estavam mais à frente da linha dos dois meias abertos, Neymar e Coutinho. Muricy completou o raciocínio.
- O time brasileiro tem muitas alternativas. Quando os times fecham do lado do campo porque sabem que tem Neymar de um lado e Coutinho do outro, tem as jogadas por dentro, e aí aparecem Renato e Paulinho. Isso mostra que o Tite e a comissão técnica estudam demais os adversários. Sabiam que ia acontecer isso hoje. E o que é legal é que a seleção brasileira não está perdendo a paciência. Um jogo como esse é chato porque os caras ficam atrás pra jogar numa bola só, de contra-ataque, no erro do adversário. Essa seleção brasileira é bem informada, e isso facilita muito a comissão técnica.
O comentarista Paulo César Vasconcellos lembrou que, com 23 minutos de jogo, Neymar já tinha sofrido cinco faltas.
- E aí o Coutinho aproveitou, né? Porque eles começaram a caçar demais o Neymar e largaram o Coutinho do outro lado - disse o ex-treinador.
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