sábado, 25 de fevereiro de 2017

Do vice em 2003 à boa fase no Rio: Diego e Nenê duelam no clássico

Parceiros no Santos em campanha na Libertadores há 14 anos, destaques de Fla e Vasco se enfrentam pela primeira vez no Brasil. Na Europa, rubro-negro se deu melhor



16/05/2003 - CT Rei Pele - Santos - SP - BR. Na foto Robinho e Diego brincam com Nene (Foto: Gazeta Press)Há 14 anos, Nenê e Diego - com Robinho ao centro - foram companheiros no Santos de Leão (Foto: Gazeta Press)





















O clássico pela semifinal da Taça Guanabara, neste sábado, marca o primeiro encontro no Rio de Janeiro dos dois destaques de Flamengo e Vasco. Também será a primeira vez que Diego e Nenê vão se enfrentar em solo brasileiro, mas você sabia que os dois já foram companheiros há mais de uma década? Sim, e foi no Santos de 2003, time que fez boas campanhas sob o comando de Emerson Leão, mas acabou amargando o vice da Libertadores diante do Boca Juniors.
Ambos eram muito jovens e viviam momentos diferentes. Diego com 18, era sensação ao lado de Robinho e demais “meninos da Vila” que foram campeões nacionais em 2002, enquanto Nenê, revelado pelo Paulista de Jundiaí, ainda não tinha títulos de elite na carreira e havia participado do primeiro rebaixamento do Palmeiras. Pelo Peixe, na principal competição sul-americana, foram importantes marcando, juntos, sete gols até a final.
O atual camisa 10 do Vasco, aos 35 anos, se recorda com carinho dos tempos no clube paulista e destaca que o bom humor do grupo fazia até o comandante, mais sério, se descontrair.
- A convivência era ótima, havia muitas brincadeiras, principalmente comandadas pelo Diego e pelo Robinho. O que mais marcou era a forma como o grupo encarava o trabalho de uma maneira leve, mas sempre com responsabilidade, claro, em busca dos resultados. Até o técnico Emerson Leão, normalmente rígido, levava tudo na boa.
Nenê transferiu-se ainda naquele ano para o Mallorca. Diego ficou para a temporada seguinte, participou de alguns jogos da conquista do Brasileiro de 2004 e logo no início de sua trajetória no exterior sagrou-se campeão mundial com o Porto. Ele, prestes a completar 32 anos no dia 28 de fevereiro, relembra uma cena envolvendo o meia vascaíno.
- Na época do Santos o Nenê era um cara muito extrovertido, entrava no nosso clima de brincadeira. Apelidos, a gente se divertia muito com ele, dando risada, brincando um com o outro. Uma vez num jogo na Vila Belmiro, o Elano pegou a bola pra bater uma falta, se concentrou, ajeitou com carinho, fez todo ritual, aquele semblante sério. Na hora que o juiz apitou o Nenê foi mais rápido e bateu. O Elano ficou bravo na hora, mas depois foi só risada. Todo mundo achou muito engraçado - disse Diego.
Rodados pela Europa, os jogadores se enfrentaram em uma ocasião no Velho Continente: pelas oitavas de final da Copa da UEFA - atual Liga Europa - na temporada 2006/07. Diego, pelo pelo Werder Bremen, levou a melhor. O time alemão bateu o Celta de Vigo de Nenê na ida e na volta (1 x 0 e 2 x 0) e avançou na competição. Acabou eliminado na semifinal pelo Espanyol, clube que Nenê defenderia anos depois.
Montagem Diego e Nenê (Foto: Editoria de arte)Diego, com a camisa do Werder, levou a melhor sobre o Celta de Nenê na Copa da UEFA 2006/07 (Foto: Editoria de arte)




















O contato foi mantido nos anos em que ficaram longe do Brasil e Nenê fala com carinho do rival de sábado:
- Nós mantínhamos contato frequente, apesar de estarmos em países diferentes. Eu sempre procurei acompanhar a trajetória dele, torcendo pelo seu sucesso. E tenho certeza que ele também ficava feliz quando me via bem nos clubes em que atuei.

- Fico muito feliz que dois jogadores que praticamente começaram juntos tenham feito uma trajetória de sucesso aqui no Brasil e nos exterior e que, de alguma forma, a gente seja referência para outros atletas e para os torcedores. Será muito bacana rever o Diego em campo no sábado. Mas, assim que começar o jogo, cada um irá buscar o melhor para sua equipe.
Flamengo e Vasco se enfrentam na semifinal da Taça Guanabara neste sábado em Volta Redonda. A partida acontece às 17h no Estádio Raulino de Oliveira.
Veja abaixo a linha do tempo e algumas das principais conquistas de Diego e Nenê após a saída do Santos.
INFO Linha do Tempo Nenê e Diego (Foto: Editoria de arte)

Perfeição à prova no estadual: Flu revê o Madureira e busca primeira final

Com 100% de aproveitamento e sem levar gols na Taça Guanabara, Tricolor encara a surpresa do Grupo B em Los Larios. Zagueiro Renato Chaves volta ao time após lesão


No dia 20 de janeiro, Fluminense e Madureira se enfrentaram pela primeira vez em 2017. No jogo-treino realizado no CT Pedro Antonio, empate em 0 a 0 entre os titulares e vitória dos reservas tricolores por 2 a 1, com dois gols de Pedro. Pouco mais de um mês depois, o reencontro. Mas agora vale vaga na final da Taça Guanabara.
Depois de muita indefinição, a semifinal deste sábado será realizada em Los Larios, às 16h30 (de Brasília). Além da possível vaga na primeira decisão do ano, o jogo vai colocar à prova a campanha perfeita do Flu até aqui no Campeonato Carioca: cinco jogos, cinco vitórias, 14 gols marcados e nenhum sofrido.
A novidade no Tricolor será a volta do zagueiro Renato Chaves, recuperado de edema no joelho direito. Apesar de enfrentar uma equipe de menor investimento, o técnico Abel Braga deixou bem claro que o Fluminense não terá vida fácil em Xerém. E elogiou muito o adversário.
abel braga, fluminense (Foto: Nelson Perez)Até agora 100% no Carioca, Abel Braga tentará levar Fluminense a primeira final da temporada 2017 (Foto: Nelson Perez)



















- Tipo de jogo que, para quem tem o favoritismo, não agrada. Bom é ter 50% de responsabilidade para cada lado. Mas estamos tentando criar esse tipo de situação. Madureira até o último jogo disputava o primeiro lugar do grupo contra o Flamengo. Já fizemos um jogo-treino contra eles. É uma equipe muito bem dirigida. Conheço o PC Gusmão há muito tempo. Tem Souza, Julio Cesar, o lateral direito é muito bom, tem um bom zagueiro. É complicado. O Madureira não vai mudar o que fez até agora. Se classificou com antecedência. É o mesmo caso: vou mudar o que? Não dá para mudar a estratégia agora. Seria tirar toda uma filosofia que criamos - frisou Abel.
FLUMINENSE X MADUREIRA

Local: Los Larios, em Xerém
Data: sábado, às 16h30 (de Brasília)
Escalação provável do Flu: Julio César, Lucas, Renato Chaves, Henrique e Léo; Orejuela; Douglas, Sornoza, Gustavo Scarpa e Wellington Silva; Henrique Dourado.
Desfalques: Diego Cavalieri (entorse no tornozelo direito).
Pendurados: Ninguém.
Escalação provável do Madureira: Rafael; Ruan, Diego Guerra, Jorge Felipe e Wellington Saci; Rezende, Leandro Carvalho, Luciano e Júlio César; Douglas Lima e Souza.
Arbitragem: Rodrigo Carvalhaes de Miranda, auxiliado por Michael Correia e Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Micale lamenta demissão: "A vitória tem muitos pais, o fracasso é órfão"

Técnico desabafa após ter trabalho na base da Seleção interrompido por conta 
da eliminação no Sul-Americano Sub-20 e diz que teve pouco contato com Tite


Do céu ao inferno em apenas seis meses. Da inédita medalha de ouro olímpica ao desempenho ruim no Sul-Americano Sub-20, que deixou a Seleção fora do Mundial da categoria. A vida profissional do técnico Rogério Micale, que parecia caminhar em sintonia com os projetos das categorias de base da CBF e do futebol brasileiro, mudou completamente. Após o torneio no Equador, foi chamado pelo presidente Marco Polo del Nero que anunciou sua demissão. O coordenador de base Erasmo Damiani também foi desligado. Em menos de dois anos, o título olímpico, o vice do Mundial de 2015 e a conquistas de outros torneios não foram suficientes para a sequência do trabalho.
Micale ainda tenta entender alguns fatores que levaram o Brasil ao fracasso na busca por uma vaga no Mundial Sub-20 da Coreia do Sul. Assume a responsabilidade pelo desempenho da equipe, lamenta a falta de contato com Tite e Edu Gaspar, técnico e coordenador da Seleção, respectivamente, e desabafa sobre a interrupção do trabalho que vinha desenvolvendo na CBF. Não concorda com a maneira como o processo foi feito, e afirma que na entidade se trabalha com base em resultados. Diz que se não tivesse conquistado a medalha de ouro em 2016, provavelmente seria demitido naquela época.
Rogério Micale  (Foto: Rodrigo Cerqueira)Micale exibe a medalha de ouro (Foto: Rodrigo Cerqueira)
- Acredito que sim, pelo histórico e o que aconteceu após o Sul-Americano. Suponho que se não ganhasse a medalha de ouro... Ou existe uma pressão muito grande em cima da casa por tudo. E essa pressão ela só sai quando vem alguma conquista. Então, hoje, quando não se conquista algo, se troca. Se tira o foco de determinadas coisas, e o foco, como hoje estou falando, é em cima do treinador. A vitória tem muitos pais. Agora o fracasso, a derrota, é órfão. Eu estou vivendo isso, quando ganhamos a medalha de ouro, eu dividi muito com um amigo meu que usa uma cueca vermelha. Ele fala que nos dias dos jogos só usava aquela cueca vermelha. Então essa cueca vermelha fez a gente ganhar essa medalha de ouro. E assim como ele, tem vários pais em uma conquista como aquela. E é normal. Agora o fracasso é assim: ele é órfão, sozinho. Ele fica naquele quarto, naquele mundo particular. E não é com o Rogério Micale, é com qualquer treinador. Qualquer treinador do futebol brasileiro sabe do que estou falando. Ganhar é difícil demais, em qualquer área. E quando você ganha, aí muitas vezes aparece assim: "Ganhou? É porque deu uma p... lá. O outro diz que é porque aconteceu tal coisa". Você divide a conquista com muita gente. Esse caso da medalha de ouro tem sim que dividir. Com a comissão técnica, pessoas incríveis de vários clubes do Brasil, e principalmente com os jogadores do Brasil. Esses caras ganharam a Olimpíada. Esse grupo realmente fez acontecer.  Mas agora no Sul-Americano infelizmente não aconteceu – revela Micale em entrevista ao programa Esporte Espetacular.
Confira abaixo a entrevista na íntegra com Rogério Micale:
O que aconteceu em seis meses depois de uma medalha olímpica inédita, passando pela eliminação no Sul-Americano, que acabou com a sua demissão?
- Olha, é difícil explicar uma situação como essa. Acredito que seja, como presidente me falou, pelo resultado do Sul-Americano. Vejo que as críticas com relação aos resultados são justas, não foi o que esperávamos. E também fico muito feliz pela conquista da medalha olímpica, por tudo o que passamos. Não tínhamos esse título. Agora são coisas difíceis para a gente achar uma explicação razoável, porque o futebol é um esporte, uma competição, um jogo em existem momentos de oscilação. Nesse momento, oscilamos. Errei, não transfiro a responsabilidade para ninguém, poderíamos ter feito uma campanha melhor. Mas infelizmente, só pelo resultado nos leva a uma interrupção de projeto, de ciclo. Mas faz parte, é uma cultura nossa.
medalha de ouro Rogério Micale (Foto: Rodrigo Cerqueira)Medalha de ouro inédita conquistada por Rogério Micale nos Jogos do Rio de Janeiro (Foto: Rodrigo Cerqueira)























Se o Brasil tivesse se classificado, o trabalho ainda não seria bom, mas teria conseguido a vaga no Mundial. O que você acha que teria acontecido?
- É difícil a gente explicar porque não sabemos de fato o que ocorreu. Eu me pauto muito em cima do resultado do Sul-Americano. Sendo que tivemos algumas chances de ganhar vários jogos, e tomamos gol nos minutos finais. Ou no minuto final dos jogos. No jogo contra a Argentina, no penúltimo jogo, até os 49 do segundo tempo estávamos no Mundial e brigando pelo título. Então no jogo seguinte não ganhamos. Esse tipo de situação, eu como treinador me preparei para passar. Mas qual é a mensagem que deixamos para o nosso futebol brasileiro de base, principalmente? Isso é o que me chama atenção, e temos que discutir sobre isso. A mensagem é que se você não ganhar, todo processo que está sendo desenvolvido é do resultado pelo resultado. E aí nós estamos dizendo assim aos formadores (treinadores) no Brasil: "Olha, se você tiver um talento que não estiver maturado, que seja pequeno, que possa ser bom de bola mas não tenha um biotipo adequado para resultado imediato, abra mão dele e utilize com esse tipo de perfil. Porque ele vai te dar o resultado imediato, ele vai te dar o teu emprego. Essa mensagem que eu fico chateado de ter passado com a minha demissão para toda uma base do país que ainda está em crise de identidade. Nós não sabemos ainda o que queremos, e talvez quem somos. Em um momento recente, nós tentamos copiar 100% do que se faz na Europa como se fosse certo. E aí mudamos características de jogador, começamos a trabalhar com jogadores maiores, maturação toda feita e isso nos comprometeu tecnicamente. Então, quando um órgão como a CBF, que é a casa maior do futebol, passa essa mensagem, temos que estar em alerta. Não é isso que queremos para o nosso futebol. Eu sou técnico, realmente pode ter sido justo eu ter sido mandado embora pelo resultado. Mas existe um processo na formação, e temos que ter tranquilidade para não mudarmos toda essa situação só em busca do resultado final.
Qual é a garantia que o próximo técnico da sub-20 vai ter se não ganhar a próxima competição?
- Nenhuma, nenhuma. Nele ele, nem o professor Tite. Porque se a gente usar o mesmo critério, vamos estar sempre interrompendo os processos. Não quero dizer que quando se perde, tudo não presta. Nem quando se ganha tem que dizer que tudo presta. Eu acho que o processo entre esses extremos é que tem que ser avaliado. É um processo bom, conceito bom, metodologia de treino? Porque resultado é inerente ao desporto. Você vai ganhar ou perder, não tem como ganhar sempre. Então, essa mensagem foi que mais marcou. Essa mensagem da nossa formação. Os profissionais que estejam nos vendo, por mais que a gente perca nossos empregos, não podemos mudar nossas convicções de formação.
Quando você ganhou a Olimpíada, era pouco conhecido. Mas foi uma vitória da comunidade da base. Agora isso é uma coisa que incomoda com sua demissão?
- Eu fui os dois extremos, vivi um momento muito importante, muito bom, de um treinador que através de trabalho, de passar por clubes em muitas vezes sem nenhum tipo de condição. Muitos não conhecem a minha história, acham que cheguei ali na seleção olímpica do nada. Não, eu tenho uma história dentro da base brasileira em termos de participação. Participei de todas as finais de competições nacionais, ganhei algumas e perdi outras. Mas participei de todas as finais. Ganhei títulos estaduais em todos os estados que passei. E as pessoas me conhecem pela Olimpíada, pelo tamanho e grandiosidade. Mas anteriormente eu tinha acabado de vice-campeão Mundial (com a Seleção). Perdi a final, mas cheguei na final. Fui em um Pan com uma equipe totalmente... Que já está convocada, e levamos o bronze. Depois veio a medalha de ouro. Então, existem alguns trabalhos bons, tenho história de alguns trabalhos. E essa mensagem da forma como interrompeu, não por perder o emprego porque já estarei trabalhando, seguindo minha vida. Mas a mensagem de um órgão como a CBF, o que ela diz para nossos dirigentes, o que ela fala para nosso futebol? É implacável dessa forma? Não se permite erro? Porque se não se permite o erro, temos que mandar muita gente embora ali também. Eu sempre falei isso com meus jogadores, eu permito o erro. O erro está ligado a quem entra para disputar uma partida de futebol. Então, o erro é permitido desde que você saiba onde errou e tente melhorar. E se não melhorar, aí sim tem que trocar. É natural da vida em qualquer área de trabalho. Agora, foi o primeiro trabalho ruim. Então essa mensagem de ganhar a qualquer custo, de qualquer jeito, ela transfere para a área esportiva algo não só para o Rogério (Micale), Amadeu que está lá na sub-17, mas para o Tite. Por que se ele não ganhar, e vai ter a oportunidade de jogar o Mundial, não é mais o treinador que a gente vê que ele é? Eu acho que a gente precisa mudar nossa mentalidade.
Você acha que faltou respeito com você na sua demissão? Que não foi nem anunciada de forma oficial...
- Olha, eu procuro tentar entender as pessoas, gosto muito de me relacionar. Então, eu prefiro entender alguns motivos para que acontecesse determinados fatos. Acho que aconteceu assim: como foi um resultado entre seis, pois temos os torneios oficiais e paralelos, por ser o primeiro (fracasso) poderia ter sido liberado. Se a mentalidade da casa é essa, ela tem todo direito de fazer da forma como ela pensa. Foi isso que me falaram (que foi demitido pelo desempenho ruim).
O fato de você ter sido contratado pelo antigo coordenador, Gilmar, e hoje ter outra equipe na gestão pode ter alguma relação com sua demissão?
- Eu não sei te dizer, porque eu não conversei mais com o Tite, não tive mais oportunidade de falar com ele. Tivemos um convívio breve nos Jogos Olímpicos, lá também falamos muito sobre a questão familiar, a pressão que estávamos sofrendo, ele na principal e eu na seleção olímpica. Tivemos alguns encontros no almoço, duas ou três vezes. E o Tite me parece um cara muito bacana, não mudo nada em relação a isso. Meu último contato com ele, acho que foi em dezembro. Foi no início de dezembro em um curso da CBF. Depois disso, nunca mais nos falamos.
Então depois da Olimpíada, o trabalho de união com a base não aconteceu?
- Não, eu tenho que falar a verdade. Depois vocês podem ter a oportunidade de conversar com o Tite, inclusive agora com a nossa liberação não recebi nenhum tipo de ligação nem dele e nem do Edu. Não vejo como normal, porque são meus superiores. O Edu principalmente. O Tite tem vários afazeres, está vendo a Seleção, viajando. Então, eu entendo. Por isso eu sempre procuro entender. Agora não tive nenhum tipo de contato, não tive nada. O único contato que nós tivemos foi quando o auxiliar do Tite acompanhou alguns treinos nossos, esteve lá e viu. E agora esteve uns dois dias na Granja durante a preparação (para o Sul-Americano). Não tive mais nenhum tipo de contato, nem com Edu e Tite. Meu último contato, como falei, foi no início de dezembro em um curso da CBF. Eu tento entender, mas acho realmente que seria interessante para acabar com tudo o que gera uma série de coisas, ter algum tipo de conversa. Porque se tiver a troca em função das pessoas, em termos de metodologia e conceito, eu entendo. É natural.
Micale Tite seleção BH (Foto: Divulgação)Micale diz que teve pouco contato com Tite depois da conquista da medalha de ouro (Foto: Divulgação)




















Considera natural se Edu e Tite quiserem levar para lá pessoas mais próximas a eles? 
- Perfeito, não vejo nenhum tipo de problema nisso, é normal. Pessoas de confiança. Agora, isso poderia ser falado, não teria problema nenhum. Agradeceria pela oportunidade, como agradeci ao presidente por ter vivido tudo o que vivi, e vida que segue. Agora, seria bacana se houvesse uma comunicação. Humanamente falando, assim como em alguns momentos eu tive que trocar membros da minha equipe, e liguei e falei, gostaria de estar sendo tratado da mesma forma. Mas somo seres humanos, não somos perfeitos. O Tite é uma pessoa que demonstra ter um caráter, vou torcer demais porque a vitória do Tite é minha vitória, é a vitória do futebol brasileiro. Nós precisamos disso, principalmente fora do país. Continuarei trabalhando para a melhoria do nosso futebol.
Por que você acha que eles não acompanharam a Seleção no Sul-Americano como aconteceu na Olimpíada?
- Bom, primeiro acho que é questão de logística. Prefiro entender o lado bom da coisa. Salvador é bem mais perto do que o Equador. Acredito também que aquela competição, pelo que representava... E outra coisa, a presença do Tite e do Edu na nossa concentração era a presença física. Era importante para todos, jogadores e pessoas, porque existia um processo novo acontecendo. E você ter a figura e a presença do treinador da (Seleção) principal e do coordenador demonstra uma unidade.
Mas trabalho integrado não é só na Olimpíada...
- Não tenho explicação para isso, não tenho como dizer por que eles não me ligaram, não foram. Não sei te dizer, não sei o que aconteceu e o que está acontecendo. É como eu falo, sempre trabalhei de peito aberto, sempre expus minhas ideias, sempre tentei ser o mais transparente possível. Assim como a presença do Tite era importante na categoria baixa, a minha presença era importante para a sub-17. E os jogadores me viam conversando com o treinador. Eu não vou interferir em nada no trabalho do Amadeu (técnico da sub-17), longe disso, existe uma ética. Mas a presença física do treinador da equipe acima é muito importante. E não sei te dizer por que não houve no Sul-Americano. A única coisa que eu tive, de dezembro para cá, foi uma conversa com o presidente (Del Nero) falando eu seria liberado em função do resultado do Sul-Americano.
Rogério Micale Brasil x Uruguai Sul-Americano Sub-20 (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)Rogério Micale não conseguiu classificar a Seleção para o Mundial Sub-20 (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)
Você levou pessoas próximas para seu dia a dia na CBF?
 - Não estou aqui fazendo nenhum paralelo entre Gilmar e Edu, mas eu cheguei na CBF pelo critério de escolha no mercado. Eu e outros treinadores estavam sendo avaliados. Porque foram ao mercado e vira os resultados, formação, conceitos, e eu também escolhi. Assim foi com o Amadeu e com o Guilherme. Eu não conhecia o Gilmar, conhecia o Damiani. Nunca tinha trabalhado com o Gilmar, com o Dunga e fui escolhido. E o mesmo critério adotei. Não levei ninguém da minha confiança para trabalhar comigo em momento algum na CBF. Preparador físico é o Marquinhos que é o Figueirense, tive três auxiliares técnicos na minha gestão. André, depois o Odair, e agora o Barroca que foi campeão brasileiro pelo Botafogo sub-20. Então eu buscava no mercado as pessoas, conversava, avaliava se tinha competência e levava para trabalhar comigo. É a forma que tenho de administrar um grupo de trabalho, prezo muito pela competência. Se o cara for meu amigo, excelente. Ótimo. É muito bom você ter um amigo competente do seu lado. Agora se for só meu amigo, esse é meu critério. Pelo amor de Deus, não estou aqui querendo dizer que se acontecer de ir amigos do Edu que não são competentes. Pelo contrário. Tem muitos amigos competentes, e se você atrelar amizade com competência é a melhor forma de ter futebol. Mas não foi minha conduta, o critério que adotei na minha passagem na sub-20 e na olímpica.
Quais projetos você tocava na CBF?
- Uma coisa bacana que a gente estava fazendo na CBF agora era a categoria sub-23. O foco era muito grande, a gente tem uma lacuna entre o sub-20 e o 23. Muitos jogadores são deixados de lado. E são jogadores olímpicos muitas vezes. Então era esse projeto. Eu visitei 70% dos clubes do Brasil fazendo a proposta do sub-23, e a aceitação foi excelente. Estávamos para criar um torneio, existia até o interesse de emissoras de TV nesse torneio. Fazer projeto para a base, para estar fomentando a revelação de jogadores.
Rogério Micale  (Foto: Rodrigo Cerqueira)Técnico Rogério Micale lamenta demissão da CBF e cita projeto pra jogadores sub-23 (Foto: Rodrigo Cerqueira)





















Você entrou na seleção sub-20 no lugar do Galo perto do Mundial, com a preparação toda feita pelo outro treinador. Foi surpreendido ao assumir a olímpica com a demissão do Dunga, e quando teria um tempo para trabalhar, acabou demitido...
- A gente vê que não tem processo nenhum. Não existe processo, não sei o que existe. Existe que trocaram o Galo, não tem processo. Isso é gravíssimo. Eu adquiri experiência agora do Sul-Americano, é uma competição totalmente diferente. É uma competição chata, ruim, longa... Ou seja, eu agora adquiri uma experiência que não tinha. E agora sei como funciona, mas saí. O Galo adquiriu a experiência. Hoje eu entendo porque o Galo trocou 70% da equipe que foi para o Sul-Americano e não foi para o Mundial. Ele trocou muita gente. Hoje consigo entender um pouco. Não tem sequência para poder equilibrar, falar lá dentro. Qual a conversa que eu tive com o presidente? "Você não conseguiu o resultado, você está liberado". Não pude passar relatório, o Damiani foi mandado embora. Não pude alertar o que deve tomar cuidado e mudar nessa competição. 
Durante o Sul-Americano, muitos jogadores tiveram seus nomes envolvidos ou até foram negociados. Até que ponto isso atrapalhou?
- O entorno hoje você não consegue controlar. O que está fora das quatro linhas, mexe (como o jogador). Não tem como não mexer. Você está dentro da competição, e você começa a mudar. Está negociando. Você tem uma mudança não só de clube, mas mudança de país, de língua, de vida, uma outra cultura. E isso tudo dentro de um torneio. Sempre aconteceu, mas hoje em dia está muito mais forte, tem rede social. Tem notícia em todo lugar, em função das mídias é mais complexo tentar cercar tudo isso. Claro que interfere, não foi isso (que resultou na eliminação), mas interfere. E não pode esperar, o futebol é muito rápido. Tem que ser agora. Fechamento de janela aconteceu no meio da competição. 
Seu caminho agora seguirá com a base ou no futebol profissional?
- Na verdade, pós-olimpíada eu já tinha manifestado o desejo de trabalhar com equipes profissionais. Cumpri todos os ciclos que poderiam ser relacionados na base. Copa São Paulo, Copa Belo Horizonte, Campeonato Brasileiro. Todos esses títulos foram conquistados, culminando com o vice-campeonato mundial e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Então esse ciclo foi completo, e agora minha intenção é trabalhar em equipes profissionais. Vou focar nisso, escolher na medida que apareça uma oportunidade boa. Vou buscar meus objetivos, sempre sonhei ser campeão brasileiro e quero começar esse trabalho para alcançar esse primeiro objetivo. Depois, quem sabe, coisas maiores? 

Pet, Love, Romário... os artilheiros do "Clássico dos Milhões" no século XXI

Xodós, matadores, ídolos e desconhecidos escreveram o nome no clássico do RJ


A rivalidade entre Flamengo e Vasco é antiga e mexe com a emoção dos torcedores. Para o jogador, fazer um gol no "Clássico dos Milhões" é marcar o nome na história do duelo. Imagina, então, quem não perde o costume de balançar a rede do arquirrival? Às vésperas do duelo pela semifinal da Taça Guanabara, neste sábado, às 17h (de Brasília), no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, resolvemos tirar a dúvida: nas partidas disputadas no século XXI, quem mais fez o adversário sofrer? 
De 2001 para cá, um jogador conhecido das duas equipes encabeça a lista. Romário, ídolo do Vasco, deixou os concorrentes para trás e fez seis gols. Na cola do Baixinho, Vágner Love foi quem mais fez a alegria dos flamenguistas no período estipulado. O artilheiro marcou cinco vezes e lidera a lista rubro-negra. 
Montagem Vagner Love e Romário Artilheiros Clássico  (Foto: Editoria de arte)




















Dois xodós aparecem com três gols, cada um representando sua camisa. Pelo lado cruz-maltino, Riascos, com passagem recente pela Colina, se acostumou a marcar contra o rival, assim como Obina, que incomodou Eurico Miranda e companhia. 
Cinco jogadores conseguiram marcar no rival jogando pelos dois clubes. Petkovic, ídolo da torcida do Flamengo, fez três no Vasco, mas também um defendendo o time de São Januário. Felipe, identificado com o Cruz-maltino, fez dois no Rubro-negro, e um no próprio Vasco. Diego Souza anotou um gol pelo Fla e três pelo Vasco no clássico.
Carrossel-JOGO-DA-MEMORIA-horizontal-SAO-PAULO-3 (Foto: infoesporte)
Info-ARTILHEIROS-SEC-XXI-Vasco (Foto: infoesporte)

Acompanhado pela esposa, Bruno sai da prisão após receber liminar do STF

Longe das grades, goleiro vai recorrer da condenação pelo sequestro, morte e ocultação de Eliza Samudio; segundo advogado, ele pode atuar e viajar ao exterior


Depois de mais de oito horas de espera, o goleiro Bruno deixou a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde estava detido desde 2015. Acompanhado pela esposa Ingrid Calheiros, advogados e amigos, Bruno deixou o pavilhão sorrindo e cumprimentou as pessoas que o aguardavam no pátio. O jogador não deu entrevistas e seguiu rumo a um sítio nas proximidades da capital mineira, cuja localidade não foi revelada. 
Goleiro Bruno cumprimenta pessoas conhecidas e sorri após saída da APAC de Santa Luzia (Foto: Reprodução/ TV Globo Minas)Bruno cumprimenta conhecidos e sorri após saída da Apac de Santa Luzia (Foto: Reprodução/ TV Globo Minas)










Mais cedo, Bruno recebeu um habeas corpus da Justiça, permitindo que recorra em liberdade da condenação pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver da modelo Eliza Samudio. A liminar foi deferida na noite de quinta-feira pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A expectativa dos advogados era de que o goleiro fosse solto no fim da manhã desta sexta. No entanto, o alvará de soltura foi enviado pelo STF à comarca de Contagem. Só no fim da tarde o documento chegou ao Fórum de Santa Luzia. De lá, um oficial de justiça seguiu rumo à Apac para determinar a soltura. Após deixar a prisão, o goleiro está liberado para trabalhar, jogar e também viajar para o exterior, desde que informe à Justiça onde possa ser encontrado. Segundo Lúcio Adolfo, advogado do jogador, Bruno teve sondagens de alguns clubes, inclusive de fora do Brasil, para atuar profissionalmente. 
Goleiro Bruno deixa a APAC de Santa Luzia (Foto: Reprodução/ TV Globo Minas)Acompanhado da esposa, goleiro Bruno deixa a Apac de Santa Luzia (Foto: Reprodução/ TV Globo Minas)



















Adolfo explicou que Bruno está preso apenas pelo processo relacionado à morte de Eliza, já que em 2010 o jogador foi condenado por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra a modelo. Em entrevista em maio de 2016, Bruno afirmou que pretende voltar a jogar e que treinava no presídio. Ele também revelou ter tentado suicídio.
Condenação
Em 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ele, porém, está preso desde 7 de julho de 2010.
Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Embora já tenha sido condenado, Bruno estava preso preventivamente, enquanto aguardava o julgamento de sua apelação ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Marco Aurélio entendeu que há excesso de prazo nessa prisão e que o goleiro tem direito a aguardar em liberdade a decisão sobre os recursos. Depois de julgados os recursos, caso a condenação seja mantida, ele deve voltar para a prisão.