Meia, que completará 100 jogos com a camisa do Sport diante do Atlético-PR, no
jogo deste sábado, fala da identificação com o clube e lembra momentos da carreira
Quando entrar no gramado da Ilha do Retiro neste sábado, para enfrentar o Atlético-PR, Diego Souza não jogará uma partida qualquer. O meia de 31 anos chegará a uma marca emblemática. Completará 100 jogos pelo clube. E não 100 jogos quaisquer. Embora ainda sem títulos com a camisa rubro-negra, Diego tornou-se um jogador importante para a história do Leão. Está em sua terceira temporada pela equipe e identificou-se fortemente com a torcida. Tanto que carrega, nas costas, o maior orgulho dos leoninos: o número 87 - referência ao Campeonato Brasileiro daquela temporada.
Para celebrar a marca, Diego Souza concedeu uma entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com e à TV Globo, em que falou de sua identificação com o clube e os melhores momentos pelo Sport, além de projetar os próximos passos. Confira, abaixo, os principais pontos.
A MARCA
- Na primeira vez que cheguei ao clube (em 2014), não esperava fazer 100 jogos. Mas depois que conheci, depois que as pessoas me abraçaram, estou achando até que passou muito rápido. Estou muito feliz de poder fazer 100 jogos com essa camisa.
FELICIDADE DE JOGAR NO SPORT
Quando vim para cá, foi um desafio novo para mim. Tudo que aconteceu aqui com minha chegada, a renovação do contrato... E não poderia ter sido melhor a saída e a volta (no início deste ano, Diego havia trocado o Sport pelo Fluminense). Eu trouxe até meu filho para cá porque eu imaginava tudo que ia acontecer. E a torcida me surpreendeu porque (a recepção) foi muito maior do que eu esperava. Gente no aeroporto e tudo mais, Trouxe meu filho para vivenciar isso comigo. Trouxe ele e meu pai. Foi maravilhoso. E tenho essa felicidade, essa alegria de poder estar todo dia com essas pessoas fantásticas. Você tem que estar feliz para poder trabalhar. Em qualquer parte da sua vida, em qualquer área que trabalhe, se você não está feliz, você não rende.
PRIMEIRO CONVITE PARA JOGAR NO CLUBE
Tudo que acontece na minha vida é rápido. Estava em casa, de férias, no Rio de Janeiro, em 2014. Estava tendo a guerra na Ucrânia e, por isso, o Metalist (clube ucraniano com quem tinha contrato) decidiu se desfazer dos estrangeiros. Eu tinha voltado machucado. Me avisaram que, se eu quisesse ficar no Brasil naquele ano, eles me emprestariam até acalmar a situação no País. Cheguei no escritório do meu empresário, Eduardo Uram, e ele tinha algumas propostas. Uma delas era a do Sport. Achei legal. Sport, Nordeste... Cheguei e perguntei: "Como é que é isso?". Ele me contou mais ou menos: "O presidente (João Humberto) Martorelli falou que tem o interesse em contar com você". Falei: "Pô, interessante". Tinha até o fim do ano só para jogar e sou um cara que não tenho medo de desafios. Naquele momento, estava encarando como um desafio. Meu pai estava junto comigo e me perguntou: "E aí?". Falei que estava gostando da ideia. Olhei os jogadores que estavam no Sport, olhei a tabela, a equipe estava do meio para cima, como o time jogava. Nesse momento, a gente analisa tudo para ver como pode encaixar e ajudar. Aceitei. Nei (Pandolfo, então executivo de futebol do Sport) me ligou. Ele me conhecia e queria ver o entusiasmo que eu estava. "E aí, Diego. Você está vindo como?", ele perguntou. Falei: "Estou indo do jeito que você me conhece. Estou indo para jogar e ganhar, porque gosto de ganhar, e me dedicar para levar o Sport para cima". Ele disse que tudo bem e que eu podia ficar tranquilo, que me esperariam no dia seguinte.
VOLTA EM 2016
Estava meio para baixo. Estava com saudades, sem dúvida nenhuma. O presidente (Martorelli), no momento oportuno, ligou para meu empresário e disse a seguinte frase: "Se Diego não estiver feliz no Fluminense, diz para ele que as portas estão abertas por aqui". Naquele momento, esperei mais um pouco, estava com o coração apertado. Certa noite, reuni a família e disse que voltaria para cá. Eles entenderam. Disseram que, se era minha felicidade, eles estavam todos comigo. E era tudo que eu precisava ouvir. Liguei para meu empresário e disse que precisava voltar. Ele disse: "Eu sei, meu filho. Te conheço há muito tempo. Pode deixar comigo que, agora, eu assumo". Ele me chama de filho. Estamos juntos há muito tempo. Demorou menos que uma semana e deu tudo certo. Queria até que fosse mais rápido porque queria jogar Pernambucano também. Mas só pude jogar a Copa do Nordeste. O importante, porém, foi que eu voltei.
MELHOR GOL PELO SPORT
Acho que, pela importância, o gol que fiz contra o Fluminense neste Brasileiro.
LENTO?
É meu jeito de jogar. E não tem como mudar. É meu jeito. Tenho meu pedaço de campo que, quando a bola chega para mim, tenho facilidade naquele espaço e tento ajudar da melhor maneira possível. Sempre fui assim. Quem gosta, ama. Quem não gosta, odeia.
REFERÊNCIA NO SPORTE IDENTIFICAÇÃO COM O CLUBE
Acredito que sou referência aqui, sim. Pela minha história, por ter jogado muito aqui no Brasil, tenho uma bagagem grande. Mas incorporo mesmo. Coloco essa armadura. Dentro de campo, vou defender sempre e me dedicar para ganhar. Independentemente de contra quem seja. Na minha vida inteira, só rendi com adrenalina, com desafios. E não aceito chegar para mim e falar: "Você não tem condição de chegar lá e ganhar contra Corinthians, São Paulo, Flamengo". Não, não aceito, não. Porque a bola é igual, o campo é igual. Brinco que, para deitar e tirar onda com minha cara, pode ser em qualquer lugar, não aceito. Gosto desse tipo de desafio e tento passar isso. No futebol, quem se dedicar mais, quem ocupar melhor o espaço, vai sair vitorioso. O futebol, hoje, está muito igual. Está nivelado. Você pega as equipes do Brasileirão. Tem equipes que um elenco maior, mas, se colocar time por time, vai ver que muito poucos se destacam por aquela qualidade técnica. Hoje, é mais dedicação tática e aproveitamento de oportunidades.
ALGUM CLUBE O TIRA DA ILHA?
Estou feliz por aqui. Tenho dois anos de contrato. Vim por vontade própria. Para me tirar daqui, vai ter que fazer muito mais do que força. O mais importante é a família estar adaptada. Meus filhos estudam num colégio bom. Estão gostando da cidade. Claro que eles são do Rio, mas estão felizes aqui. Também tenho a felicidade de vir trabalhar todo dia e um ambiente ótimo que a gente consegue fazer aqui dentro, não tem porque sair. Mas futebol é dinâmico. Tem muitas situações que aparecem. Se um dia eu tiver que ir embora daqui, acontece. Mas não me vejo saindo, não.
META DE JOGOS
Se eu bater meu recorde de jogos por um clube, está ótimo. Tive 151 jogos pelo Palmeiras. Até o final do ano que vem esse recorde será quebrado. Vamos ver o que vem pela frente. Espero não chegar a Magrão, o que é impossível. Mas, quem sabe, ficar próximo desses fenômenos que ainda estão no Sport, que são Magrão e Durval. Se eu chegar na metade de tudo que esses caras fizeram por aqui, para mim estará de bom tamanho.